Para evitar conflitos, é importante observar o estado e a qualidade de mais de 30 itens. O ideal é que um perito de engenharia faça uma vistoria para pontuar as possíveis deficiências.
A concretização do sonho da casa própria ou o sucesso em um investimento imobiliário requer cuidados desde a aquisição até o recebimento definitivo da unidade ou condomínio pelos compradores. “Muitas vezes não é dada a devida importância ao processo de recebimento e, não raras vezes, por entusiasmo ou desconhecimento técnico, o Termo de Recebimento Definitivo é assinado, e somente após a ocupação da unidade, percebe-se que muitos problemas poderiam ter sido evitados se tivessem sido apresentados questionamentos no momento da vistoria para entrega das chaves. Nesse momento visualizam-se basicamente dois árduos caminhos a percorrer: o desembolso de gastos não previstos ou muita ‘dor de cabeça’ para conseguir a reparação devida”, conta o perito de engenharia, avaliador e diretor do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (Ibape-MG), Daniel Rodrigues.
A Vistoria para Recebimento é realizada quando as obras são concluídas objetivando a aferição dos serviços executados em face do que foi efetivamente negociado entre as partes, sendo elas a incorporadora, construtora e o consumidor. Tal vistoria consiste na inspeção geral das áreas de uso comum do edifício (para o condomínio) ou de unidades em particular (para o condômino). Nessa ocasião é realizado um levantamento minucioso para confrontar possíveis incompatibilidades em relação aos projetos e especificações gerais da obra, ou seja, se o que está sendo entregue reflete exatamente o que foi comprado.
São muitos os detalhes importantes que costumam passar despercebidos. “É importante observar o estado e a qualidade de mais de 30 itens. Entre eles destaco o sistema de abertura, fechamento e alinhamento das portas e janelas, funcionamento das fechaduras e puxadores, pintura (principalmente nas partes inferior e superior, que não são diretamente visíveis), o nivelamento e rejuntamento de pisos e a padronização de paredes e bancadas. É importante observar a presença de manchas, fissuras e se há uniformidade de cor. As instalações hidrosanitárias, de gás, elétricas e de telefonia também precisam ser testadas em toda a sua funcionalidade. É importante fazer também a aferição das medidas conforme detalhado em contrato”, descreve a perita de Engenharia, avaliadora e diretora do Ibape-MG, Valéria Vasconcelos.
O ideal é que a vistoria seja acompanhada por profissional de engenharia habilitado que possa pontuar as possíveis deficiências. Ele emitirá seu parecer técnico em um laudo de vistoria, oferecendo subsídios que garantam o recebimento da unidade dentro de padrões aceitáveis de qualidade ou, em casos extremos, ao distrato. “O objetivo do trabalho do perito nesses casos é proporcionar plena segurança na utilização das edificações, diminuir o índice de acionamento da assistência técnica pós-obra e aumentar a satisfação do consumidor”, comenta.
O ideal é que a vistoria seja acompanhada por profissional de engenharia habilitado que possa pontuar as possíveis deficiências.
Para fixar diretrizes básicas e parâmetros uniformes no trabalho de vistoria, o Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (IBAPE-MG), está elaborando um documento normativo para a Vistoria de Entrega de Obra. Ele vai conter conceitos, terminologias, convenções, notações, critérios e procedimentos relativos a esta atividade. A adoção dessa norma vai ajudar a resguardar todos os envolvidos no processo e reduzir o número de conflitos futuros. O texto deve ser concluído até 2016.